Poucas invenções causaram tanto impacto na música quanto a distorção na guitarra elétrica. Esse efeito marcante, agressivo e cheio de personalidade é utilizado até hoje por guitarristas de diversos estilos. No entanto, poucos sabem como a primeira distorção de guitarra foi criada. Neste artigo explicarei como isso tudo aconteceu. Seja um seguidor no Instagram do autor.
O que é distorção de guitarra?
Antes de contar a história, é importante que o conceito seja compreendido. A distorção de guitarra é o resultado de um clipping do sinal elétrico, causado intencionalmente para gerar um som mais saturado, sujo e encorpado. Esse som pode ser suave e quente, como no blues, ou pesado e agressivo, como no metal moderno.
A distorção foi inicialmente vista como um “defeito” mas acabou sendo transformada em uma ferramenta criativa essencial para músicos e produtores.
Quando surgiu a distorção de guitarra?
Foi na década de 1950 que os primeiros sons distorcidos em gravações começaram a ser ouvidos. No entanto, não havia, até então, um efeito criado intencionalmente para isso. A distorção surgiu de forma acidental, e é justamente isso que torna sua origem tão interessante.
A história começa com um amplificador danificado
Em 1951, o guitarrista Willie Kizart, da banda de Ike Turner, gravou a música “Rocket 88“. O amplificador utilizado por Kizart havia sido danificado durante uma viagem. Para que o equipamento continuasse funcionando, um pedaço de papel ou jornal foi colocado dentro do falante. Isso fez com que o som ficasse naturalmente distorcido. Em outras palavras, o falante do amplificador rasgou e foi mal remendado.
Essa gravação é considerada por muitos estudiosos como o primeiro registro de guitarra com distorção da história.
Como a distorção se tornou intencional?
Depois de perceber que o som distorcido trazia mais emoção e agressividade à música, diversos músicos passaram a buscar formas de reproduzir esse timbre propositalmente.
Na década de 1960, a distorção passou a ser produzida com mais controle. Amplificadores da Fender, Marshall e Vox começaram a ser utilizados no volume máximo, gerando saturação nas válvulas.
Além disso, o desenvolvimento de pedais de distorção foi iniciado. Um dos primeiros foi o Maestro Fuzz-Tone FZ-1, lançado em 1962. Esse pedal ficou famoso após ter sido usado por Keith Richards na música “(I Can’t Get No) Satisfaction”, dos Rolling Stones.

Os primeiros pedais de distorção
A seguir, alguns dos pedais que marcaram o início dessa revolução sonora:
- Maestro Fuzz-Tone (1962)
- Arbiter Fuzz Face (1966), popularizado por Jimi Hendrix
- Electro-Harmonix Big Muff (final dos anos 60)
- BOSS DS-1 (1978), ainda utilizado por guitarristas como Joe Satriani e Kurt Cobain

Com o tempo, a distorção foi aprimorada. Pedais analógicos e digitais passaram a oferecer timbres variados, ajustáveis e inspirados em modelos clássicos.
Qual a importância da distorção para o rock?
A distorção na guitarra elétrica tornou-se a alma do rock. Sem ela, não haveria o peso de bandas como Black Sabbath, Metallica, Nirvana ou Pantera. O som cru e poderoso que a distorção proporciona está presente em todos os subgêneros do rock, do blues rock ao thrash metal.
Além disso, o uso criativo da distorção ajudou a consolidar estilos individuais. Guitarristas como Jimi Hendrix, Eddie Van Halen e Dimebag Darrell utilizaram diferentes configurações de distorção para marcar época.
De acidente a revolução sonora
A distorção nasceu de um imprevisto. Mas, como acontece com as grandes descobertas da história, foi justamente a curiosidade e o olhar criativo dos músicos que fizeram com que esse “erro” se transformasse em uma das maiores ferramentas da música moderna.
Portanto, quando o botão de ganho for girado e o som da guitarra soar encorpado e feroz, será interessante lembrar que tudo começou com um amplificador quebrado e uma boa dose de ousadia.
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